Mujeres que no están al borde de un ataque de nervios.... ( Nem mesmo a "encenadoooraa!" como insistiam em gritar quando precisavam de alguma coisa, as nossas velhotas - e as actrizes por detrás delas...)
CASEAR - Criação de Documentos Teatrais / Uma Tragicomédia de Máscaras. Entrem e acomodem-se! Elas vão gostar de ter companhia.
A estreia no Teatro da Trindade - A Família
Mujeres que no están al borde de un ataque de nervios.... ( Nem mesmo a "encenadoooraa!" como insistiam em gritar quando precisavam de alguma coisa, as nossas velhotas - e as actrizes por detrás delas...)
"Din Dan" - A canção do espectáculo
Muita gente nos pergunta pela canção que Montserrat e Rosalina cantam enquanto fazem as tarefas do dia, antes da chegada do carteiro... Esta canção surgiu quando a Luciana Ribeiro (actriz e professora de Voz e Canto e nossa queridíssima amiga) nos veio dar um apoio vocal para ajudar a "soltar o piú" por detrás da máscara.
As três conhecíamos a canção através de um exercício que fizemos nos tempos de Barcelona. Acabou por ficar no espectáculo, mas ninguém sabia o que significava, menos ainda como se escrevia, só sabiamos que era basca. Escrevemos a uma amiga comum, Alay que é do País Basco.
Fiz um copy-paste do e.mail que ela nos enviou com todas a informações que encontrou e assim satisfaço (também) a vossa curiosidade!
P.S. Este espectáculo está repleto de coincidências, a letra desta canção é uma delas.
04.02.2007
Hola!!Es la primera vez que oigo esta canciòn, debe de ser muy vieja y seguramente de la zona de Bizkaia(Bilbao).Digo que es vieja porque tiene palabras que hoy en dìa no se escriben asì. De todas formas la he encontradoen internet y te la escribo correctamente.
Din Dan Matutian
iruk eklia
din dan borena
Dorrean bi uso
egalari
Traducciòn:
Din Dan al amanecer
Tres escaleras
borena (hacia arriba)
En la torre dos palomas
Volando.
La palabra borena, la he buscado en varios diccionarios y ninguno la reconoce, podria significar"en el norte", yo lo traducirìa asì: tres escaleras hacia arriba, en la torre dos palomas volando.
He sabido que las cosas os van muy, pero que muy, bieny me alegro mucho. Os mando muchos besos a las tres y mucha mierda. Màs besos,
Alay
Máscaras - Antes da Máscara Definitiva
Rosalina
O resultado final, a Montserrat e a Rosalina que vocês conhecem...
E uma família feliz.
O primeiro encontro com Montserrat e Rosalina
13.01.2007
Não se sente bem no campo, sozinha, bichos, desconforto pela dificuldade em se movimentar...
Não podiam ainda falar uma com a outra, mas estabeleceu-se uma relação que nem sempre foi fácil...
A Rosalina ia rebentando por não poder falar! Não é por acaso que não se cala durante o espectáculo todo...
A Montserrat estava aborrecida de morte e já não podia ver a outra à frente... Rabugenta?
Mas estas pequenas diferenças acontecem nas relações à força, ali percebeu-se que precisavam uma da outra com tudo o que isso implicava. Ao fim do dia lá se entenderam...
...e foram juntas para o autocarro.
09 de Janeiro de 2007 - Começam os Ensaios
07 de Janeiro 2007: A chegada da Mireia
Aniñando: Documento / Ficção - III
A Associação Coração Amarelo é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada em 2001, que tem como principais objectivos promover iniciativas que visem apoiar pessoas em situação de solidão, preferencialmente as mais idosas; promover, junto de entidades, iniciativas que visem uma melhoria da qualidade de vida das pessoas sós, contribuir para uma implementação nas comunidades de um apoio ao domicílio; dinamizar acções de cooperação com pessoas voluntárias que queiram e possam oferecer o seu tempo e saber. Esta Instituição conta com uma série de voluntários que visitam semanalmente estes idosos que vivem sós, realizam pequenas tarefas diárias, acompanham-nos num passeio, numa ida ao banco, ao teatro... Preenchem e enchem de alegria o vazio deixado pela solidão.
Para se fazer voluntário: coracaoamarelo@coracaoamarelo.org
site: http://www.coracaoamarelo.org/
Entrámos em contacto com esta associação e ganhámos uma conversa com algumas das pessoas responsáveis, ouvimos mais sobre o trabalho da Associação, encantámo-nos com as histórias e oferecemos o nosso voluntariado... Claro está que para se fazer este tipo de voluntariado não basta a boa vontade ou um tempinho ao fim do dia para preencher com uma boa acção! A Associação Coração Amarelo e os seus Beneficiários (à volta de 200!) pedem mais que isso: há formação, integração dos objectivos, continuidade, promoção de iniciativas várias, tempo regular que permita pelo menos duas horas semanais com o benefiaciário, entre outras solicitações necessárias. Pareceu-nos fantástico.
Mesmo assim, e porque na nossa profissão também temos muito para dar aos outros e fazê-los felizes, oferecemo-nos para contribuir.
O melhor de tudo foi que duas voluntárias deixaram que a Rita e a Mireia as acompanhassem numa visita a duas senhoras. As experiências foram individuais e trouxeram-nos muita inspiração real, que ficou no texto, no corpo das personagens, na memória delas e do espectáculo.
OBRIGADA!
Aniñando: Documento / Ficção - II
Alguns desses elementos estão expostos no cenário, são parte integrante da casa, da longa vida da Rosalina e da Montserrat.
Aniñando: Documento / Ficção - I
O primeiro passo deste projecto foi na escola, em Barcelona, onde desenvolvemos um trabalho de Teatro Documental. Consistia em escolher um lugar da cidade, um tema a ele associado, ou mesmo uma profissão. Depois, tinhamos de nos integrar: se fosse uma praça, conhecer as 24 horas de acontecimentos; se fosse um restaurante, trabalhar lá, etc. Não era um trabalho de “jornalismo”, tratava-se de penetrar no lugar e saber exactamente como funcionava. Essas pesquisas transformaram-se em Documentos Teatrais, em que, fazendo uso de uma linguagem ou um estilo específico (máscaras, pantomima, etc.), só podiamos mostrar aquilo que tinhamos visto. Nada de ficção.
Durante muito tempo, passados anos de terminar a escola, desenvolvemos mil e um projectos baseados no Teatro Documental (e continuamos a fazê-lo). A Velhice era um tema comum às três, mas a distância e outros trabalhos não permitiam passar uma temporada num lar ou numa aldeia, trabalhar num centro de dia, ou fazer parte de uma associação... E quanto mais pesquisávamos mais percebiamos o quão vasto e complexo é o tema. Inventámos uma mistura de realidade e ficção. Dedicámo-nos a procurar e a inventar, a efabular e a escolher.
O Tema: A Velhice
Jean-Louis Barrault
Aniñando é uma palavra inventada. Parte do verbo português “aninhar” ao qual juntámos a palavra espanhola niñez, sinónimo de infância. O tema deste espectáculo é a velhice e este título é uma metáfora do que esta pode representar.
A medicina conseguiu aumentar o tempo de vida criando, ao mesmo tempo, uma situação em que a partir de uma certa idade a família cresce independente e as pessoas deixam de trabalhar, de produzir, e acabam por ficar sós. Os filhos, por inúmeras razões, não têm tempo para visitar os pais, os netos perdem essa ligação pelo caminho, e a pessoa idosa fica dependente de si própria, às vezes numa aldeia também esquecida e parada no tempo, às vezes num lar com condições questionáveis, ou na sua própria casa, que se torna demasiado grande, demasiado vazia. A solidão é, provavelmente, o motivo mais provável da perda de dignidade que qualquer doença: a angústia do tempo que parece estender-se infinitamente sem nada para o preencher, os espaços feitos de obstáculos, o cansaço físico, etc., tudo isto acaba por se transformar num problema afectivo. Existem cerca de 30.000 a 40.000 mil pessoas idosas em Lisboa que vivem completamente sós.
Observar e assumir esta solidão, é perceber que há uma tendência geral ao isolamento, que a solidão vem de trás, que é o reflexo da sociedade. Mas a chegada e a vida na chamada terceira idade, não é só tristeza e solidão, pode ser o momento em que tudo o que se viveu assume um lugar de destaque, de partilha. As pessoas mais velhas contam-nos histórias com o olhar, porque o seu corpo é um conjunto de memórias vivas e o seu saber contém uma riqueza infinita.
Bem-vindos, Bienvenidos, Benvinguts
As primeiras palavras de inspiração...
"Lo que más me importa en este mundo es el proceso de la creación.
Que clase de mistério es ése que hace que el simple deseo de contar historias se convierta en una pasión, que un ser humano sea capaz de morir por ella; morir de hambre, frio o lo que sea, con tal de hacer una cosa que no se puede ver ni tocar y que, al fin y al cabo, si bien se mira, no sirve para nada?"
Gabriel García Marquez