O Tema: A Velhice



La edad madura es aquella en que todavía se es joven, pero con mucho más esfuerzo.
Jean-Louis Barrault

Aniñando é uma palavra inventada. Parte do verbo português “aninhar” ao qual juntámos a palavra espanhola niñez, sinónimo de infância. O tema deste espectáculo é a velhice e este título é uma metáfora do que esta pode representar.

As pessoas mais velhas têm um papel muito importante na sociedade, papel esse muitas vezes ignorado, esquecido, difícil de integrar.
A medicina conseguiu aumentar o tempo de vida criando, ao mesmo tempo, uma situação em que a partir de uma certa idade a família cresce independente e as pessoas deixam de trabalhar, de produzir, e acabam por ficar sós. Os filhos, por inúmeras razões, não têm tempo para visitar os pais, os netos perdem essa ligação pelo caminho, e a pessoa idosa fica dependente de si própria, às vezes numa aldeia também esquecida e parada no tempo, às vezes num lar com condições questionáveis, ou na sua própria casa, que se torna demasiado grande, demasiado vazia. A solidão é, provavelmente, o motivo mais provável da perda de dignidade que qualquer doença: a angústia do tempo que parece estender-se infinitamente sem nada para o preencher, os espaços feitos de obstáculos, o cansaço físico, etc., tudo isto acaba por se transformar num problema afectivo. Existem cerca de 30.000 a 40.000 mil pessoas idosas em Lisboa que vivem completamente sós.
Observar e assumir esta solidão, é perceber que há uma tendência geral ao isolamento, que a solidão vem de trás, que é o reflexo da sociedade. Mas a chegada e a vida na chamada terceira idade, não é só tristeza e solidão, pode ser o momento em que tudo o que se viveu assume um lugar de destaque, de partilha. As pessoas mais velhas contam-nos histórias com o olhar, porque o seu corpo é um conjunto de memórias vivas e o seu saber contém uma riqueza infinita.

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